A Sineta da Virtude
E ao soar a sineta da Virtude
os condenados acordaram
Mãos vazias e pálidas
por caminhos escuros
em noites cálidas
sem vento, amargadas
tateiam as frestas dos muros
Onde vivem os insetos
resquícios da sua alma
rastejam inquietos
os devoradores de fetos
arautos do trauma
Quando apanham o mundo
o mundo em si devorado
pelo grotesco vagabundo
tanto canalha imundo
da bondade sugado
E lançam-se ao chão
o homem é o que consome
e se lhe falta um “não”
e se rejeita o pão
só lhe resta a fome
A prisão bem o convinha
mas foi dito ser deus
reflexão já não tinha
só sobrou a rinha
de carne entre os seus
E quando chega o fim
e só um prevaleceu
você só sabe dizer “sim”
você sabe, enfim
que a sua liberdade morreu
Guilherme Matos